Wednesday, December 17, 2014

15 de Dezembro de 2014

Olá novamente meus caros tupiniquins. Hoje estou aproveitando para colocar tudo em dia e deixar o meu atraso de lado. Vamos para o nosso décimo quinto encontro, esse mesmo um tanto quanto complicado, trata-se da carta “O Diabo”. Nesse encontro voltaremos nossa contagem de gêneros, o qual evitei falar nos últimos dois encontros, visto que os mesmos foram com cartas neutras (sem gênero principal).
É curioso notar que a carta de número 15 do Tarot é justamente a carta oposta à carta “Os Enamorados”. Veja que somando 1+5 temos o número 6, justamente o número da carta “Os Enamorados”, não por acaso, visto que dessa vez temos um anjo, também, a abençoar uma situação. Mas não estamos falando de qualquer situação e de qualquer anjo, estamos falando de um outro lado tão importante para o desenvolvimento do espírito quanto aquele visto no sexto encontro.
Bom meus queridos, há muito o que se falar da carta “O Diabo”, mas tentarei enxugar ao máximo e deixar aqui o que mais importa. Comecemos, pois, pelas figuras humanas que estão logo abaixo do “anjo caído” (numa linguagem mais católica). Aqui temos uma situação em que contamos dois gêneros, é claro, masculino e feminino totalizando nossa contagem como 10 masculinos e 7 femininos. Cada gênero na carta "O Diabo" está ligado à ferramenta que lhe pertence para o próprio aprisionamento aos desejos do ego, isto é, os pontos fracos de cada gênero.
A figura feminina é portadora de um rabo cuja ponta sustenta um cacho de uvas do qual a figura feminina parece se alimentar, simbolizando assim o saciamento dos vícios do corpo. Tal como a figura masculina cujo rabo é demonstrado em chamas, simbolizando a consumação dos próprios desejos mundanos.
A entrega do espírito aos prazeres do corpo é clara nessa carta, mas não estamos falando aqui do óbvio que seria o sexo e os prazeres sexuais. Estamos falando de toda ordem de prazer efêmero e de desejos passageiros que nos acorrentam à realidade material, fazendo de nossa estadia no mundo físico uma prisão que é sustentada unicamente por nós mesmos.
O “anjo caído” logo acima das figuras humanas simboliza as trevas profundas ou simplesmente aquele lado do subconsciente de nós mesmos que não ouvimos e afogamos de alguma forma em nossa busca incessamente por um alívio. A imagem do “anjo caído” é representada em uma forma animalizada, figurando a entrega do espírito aos irraciocinados instintos do corpo o que leva o espírito à inversão do processo de iluminação, representado pela estrela invertida na testa do “anjo caído”.
Portanto, meus queridos, a mensagem mais clara que temos da carta “O Diabo” é a de que dentro de nós há, também, o lado obscuro que não é fácil reconhecer. É fácil para nós olharmos a carta “O Diabo” e logo entendermos que se trata de algo deletério, bem como nossa mente já é hábil o suficiente para trabalhar vários arquétipos da carta e entender que a mensagem que se tem é de luxúria e entrega aos valores mais baixos e bestiais dos seres humanos.
Realmente, é fácil perceber as características negativas que estão fora de nós e por isso mesmo o Tarot nos reserva o encontro com a carta “O Diabo”, para nos lembrar que o lado sombrio não está naquilo que vemos, mas está dentro de todos nós. Todos nós temos um lado de nossa subconsciência que é repreendido e oprimido em prol de qualquer motivo que nos seja conveniente.
O encontro com a carta “O Diabo” nos reserva a lição de que devemos enxergar nossas sombras interiores e entender que, para cessar nossa atividade viciosa daquilo que nos aprisiona nesse mundo, devemos ser capazes de acessar nossas trevas interiores, bem como aceitar e dialogar com nosso lado sombrio em uma busca sincera de nossa própria cura. Trata-se muito mais de uma abordagem introspectiva, no qual se dá o tempo necessário para o diálogo íntimo, do que uma observação da negatividade exterior.
Para que continuemos nosso desenvolvimento espiritual, faz-se necessário que tomemos consciência de nós mesmos por completo e isso envolve o despertar de nossas sombras interiores que por muito tempo foram alimentadas por nós sorrateiramente. Sabemos pela carta oposta à carta “O Diabo” que precisamos transcender a própria compreensão de nossa realidade como seres humanos e agora sabemos que nesse caminho do equilíbrio e entendimento da constituição de nós mesmos há, também, o perfeito acesso aos níveis mais obscuros de nós mesmos. Há, sim, harmonia entre a luz e as trevas. Não há hipocrisia no desenvolvimento espiritual, o espírito de luz sabe até onde foi preciso cavar as próprias trevas para chegar na iluminação em que habita.
A carta “O Diabo” representa toda forma de experiência que podemos ter e que possa nos colocar em contato com nós mesmos e com o que há em nós de mais doloroso. Dito assim, em palavras apenas, parece não ser tão difícil, contudo é fácil compreender a dificuldade desse “encontro íntimo” quando observamos que muitos seres humanos preferem o alívio (toda sorte de vícios) ao diálogo aberto. Lembrem-se, meus amados e fiéis leitores, por diálogo aberto eu me refiro justamente ao que vemos na carta “O Diabo”. Refiro-me ao desvelar de todas as máscaras e o apresentar de si mesmo tal qual é verdadeiramente, com todas as sombras que portamos, mas com a sincera vontade do crescimento.
Enfim meus queridos, espero que vocês estejam pensando um pouco mais sobre como vocês se apresentam no dia-a-dia da vida, no cotidiano dos pensamentos e mesmo no perfunctório do ir e vir. Deixo abaixo uma música para se meditar e pensar no que acabamos de ler. Um grande abraço e estejam sempre em paz.

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