Sunday, December 21, 2014

21 de Dezembro de 2014

Olá a todos que acompanharam essa longa peregrinação pelas cartas do Tarot, especificamente pelas Arcanas Maiores. Ao longo desses 21 dias vimos 22 cartas das Arcanas Maiores e fomos, superficialmente, analisando cada mensagem e ideia por tras dos enigmáticos símbolos da antiga sabedoria da união. Hoje, em nossa última etapa nos encontramos com a carta “O Mundo” e, perfeitamente, dedicarei um longo texto de explicações e detalhamentos que, espero, sanarão possíveis dúvidas.
Vamos começar por uma pequena revisão de tudo o que fizemos até aqui. Nós começamos o primeiro dia com duas cartas, sendo uma de número zero a qual representava nossa consciência que se atira do penhasco como uma queda criadora, gesto esse que inicia nossa jornada e que, a priori, não se associava a um gênero em particular, mas guardava o arquétipo masculino como resposta àquilo que nos propele.
A primeira carta das Arcanas Maiores, “O Tolo”, seguiu a jornada dos 21 dias em que cada dia foi um encontro e uma lição, muitas vezes um enigma ou uma visão. Portanto, traçando o paralelo que nossa consciência é a carta “O Tolo”, podemos dizer que fizemos nossa jornada para ao longo dela receber todos os instrumentos fundamentais à nossa própria libertação. Do primeiro ao último encontro, nossa caminhada foi orquestrada pelo universo dual que habitamos para revelar a si mesmo, sendo unicamente nosso o trabalho de entender, aprender e crescer.
Fomos orientados a desenvolver nosso ego e, ao final, a nos livrarmos dele. Fomos orientados a esconder nosso passado e, ao final, dialogar com ele. Fomos orientados a nos abandonar e, ao final, nos reencontrar. Fomos orientados ao longo desse imenso caminho de dores a nos virar de todas as formas, nos remontar, expor a carne viva a toda sorte de dor e rasgar nossa mente em toda sorte de desafio que, ao final, sempre nos conduziu para a nova etapa em vã esperança de um caminho melhor, de um momento melhor e de um alívio maior.
Os alívios existiram e não foram poucos os momentos do caminho em que paramos, em que repousamos. Contudo, nenhum alívio e nenhuma dor foi perene, a realidade dançou diante de nós, mostrando-nos que nada permanece eterno no mundo em que vivemos, tudo fenece, mas tudo se repete. Ciclos infinitos existem e dentro deles vivemos, repetindo dores, alegrias, perdas e conquistas. O universo, apesar de dual, também é múltiplo, obedecendo leis fixas e controláveis dentro do qual cada universo responde a uma maneira diferente e a uma sorte diferente de fatos.
Aprendemos que dentro do mundo em que vivemos tudo não continuará e tudo se repetirá e que nossa liberdade não é nada além de um próximo passo. Foi-nos colocado a ideia de que a perfeição é para nós um degrau a mais e que muito há a ser aprendido e entendido e, por isso mesmo, a imortalidade nos é dada e o renascimento se faz uma lei para que possamos experimentar um pouco de tudo do universo que nos é particular.
Assim andamos por todos os quatro cantos do cosmos, todos os elementos e todas as manifestações possíveis foram nossos recursos primordiais para a construção de nós mesmos e de tudo o que nos circunda. A realidade foi, para nós, um mero instante dentro da perenidade de nosso existir, fenecendo tão cedo quanto começou e renovando-se tão cedo fenecera. Dessa maneira nos aprisionamos nas dores, criamos nosso complexo sistema de fé, destruimo-nos, desligamo-nos e repetimos o velho mesmo na esperança de um melhor amanhã.
Caímos, vítimas de nós mesmos e sentenciados por nós mesmos. Fomos ao ponto mais baixo que pudemos chegar em nós mesmos para despirmo-nos daquilo que nos foi dito, um dia, para nutrir. Assim renascemos, isentos de memória, isentos de sentidos e no escuro recriamo-nos. Etapa por etapa, vida por vida, século por século, milênio por milênio. Assim foi, dentro da ilusão do tempo que criamos, tão generoso quanto infinito. Caminhamos, andamos até o despertar e o aceitar da própria realidade divina.
Um passo de cada vez, um dia de cada vez, enfrentamos as trevas de nós mesmos, revisamos nossa divinitude e por fim chegamos. O mundo é nossa visão, o espírito triunfa de fato e o equilíbrio é a chave. Há harmonia, a sabedoria de todo o cosmos é parte de nós e o corpo é nosso maior veículo dentro desse aureolado mundo que nos serviu como escola. A graça é alcançada e o divino de nós mesmos é, finalmente, entendido.
Finalmente, contamos 11 gêneros masculinos e 10 gêneros femininos. Em uma dança cósmica da dualidade, o universo nos ensinou que o homem é tão mulher quando a mulher é homem. O livro sagrado nos ensina que de uma parte do homem se fez a mulher, em um generoso ato de doação criou-se o oposto. Quanta sabedoria há nesse mito. Pois que a numerologia nos mostra que 11 gêneros masculinos representam a Arcana Maior “A Alta Sacerdotisa” (1+1=2) e 10 gêneros femininos simbolizam o gênero masculino com a carta “O Mago” (1+0=1).
As energias masculinas são inerentemente femininas, as energias femininas são inerentemente masculinas. O gênero foi a manifestação de nossa própria mente dualizada que conduziu nossa evolução na carne, sem nunca se esquecer da verdade do espírito. O espírito, o véu que se agita com o vento, não carrega consigo um gênero, mas se manifesta através de um para experimentar todas as condições únicas de sofrimento e aprendizado de cada gênero, de cada manifestação do existir.
Muitas são as formas do existir em nosso universo, muitas são as formas de evoluir nesse universo, nossas consciências habitam o estágio mais adequado e, portanto, necessário para o progresso e auxílio da auto revelação ou reconexão divina.
Reconetar, esse sempre foi o grande objetivo de nossa caminhada. Religar o que é natural em nós e sempre brilhou em nós. Nossa divinitude que foi cantada através dos séculos. Carrego comigo antigos dizeres latinos que nos ensinam que nossa glória será construída por nossas próprias mãos, pois somos os verdadeiros artistas da divina criação. Portanto, meus amados, há muito o que revisarmos de tudo aquilo que acreditamos saber, há muito o que revisarmos dentro de nós mesmos, estabelecendo uma verdadeira ponte com nosso coração e, somente assim, aprendendo a realmente estabelecer uma ponte com outros corações.
A lição da união está muito além de um ideal ou ideário somente, é algo que nos evoca a coragem necessária para enfrentarmos a nós mesmos e nunca ao próximo, nunca falamos que a união é uma competição e nunca competimos contra algo em nossa jornada do Tarot. Estivemos, sim, envolvidos com o próprio aprendizado, com a busca sincera de entender os sinais do universo que nos guiam para o melhor que podemos ser e para uma visão de amplo espectro de nossa própria realidade.
A carta “O Mundo”, portanto, contempla esse cenário em que visualizamos, por fim, o Todo e nos entendemos como parte dele. A união, a vitória do espírito não está pautada no império de alguém ou algo, mas no mais simples e sincero encontro consigo mesmo. A grandeza não é estapafúrdia, o que poderia acontecer de mais grandioso em nossas vidas ocorrerá na simplicidade de um silêncio.
Enfim meus amados, despeço-me por aqui. Sei que Dezembro possui 31 dias, mas as Arcanas Maiores são apenas 22 cartas. Logo, não continuarei o caminho. Deixarei para um próximo projeto as Arcanas Menores e, talvez, um diálogo mais avançado e profundo das Arcanas Maiores. O que fizemos aqui foi uma caminhada simplória, explorando pouco e superficialmente as lições da Cabala e, ao mesmo tempo, brincando com as inspirações inúmeras que me foram passadas.
Sou grato por vocês acompanharem essa tão simples página azulada. Sou grato pelo retorno que vocês me deram. Um imenso obrigado pela paciência e dedicação de todos vocês. Que possamos seguir, enfim, o destino de nós mesmos.

1 comment:

  1. A maior de todas as vitórias é ter um reencontro com nós mesmos e sentirmos revigorados e com a sensação de missão cumprida... Foi feito o que era necessário e a confirmação de tal fato se mostra no silêncio da alma e na quietude dos sentimentos. Sem conflitos e sem ações contrárias ao fluxo maior do universo... Apenas tendo a alma como de uma criança feliz que espera pacientemente o que o Universo reservou para a alma no fim de sua jornada de libertação...

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