Thursday, December 29, 2016

Tiragem Triangular

Olá meus(inhas) queridos(as), quanto tempo, não? Há quase um ano que não apareço nesse querido e abandonado blog. Mas cá estou, recuperando-me. O ano de 2016 (2+0+1+6=9) foi marcadamente um ano de crises e sabemos que crises são marcadas por mudanças, as quais podem ser construtivas ou destrutivas. Há quem diga que para mudar é preciso destruir, para que algo exista é preciso que outro algo deixe de existir, mas essa não é bem a filosofia que eu queria expor aqui, embora poderíamos entrar nela com riqueza de detalhes em outro momento. Hoje, quero deixar aqui mais uma peça de meu Tarot cotidiano. Uma leitura que me pedi e que pudesse ser exposta para todos, com o objetivo único de servir como aprendizado, tanto para mim quanto para qualquer outro curioso que esteja disposto a trabalhar o caminho do autoconhecimento.
Antes de mais nada, preciso me desculpar por qualquer eventual má colocação de minhas palavras, tendo em vista que ando muito desconectado do universo das palavras e das boas energias. Encarando o mundo como uma criatura imortal, ainda presa na matéria, com a visão ofuscada e com alguns resquícios de percepção que foram duramente conquistados pela caminhada da vida, cá estou para apenas compartilhar um pouco do que sei, o muito pouco do que acredito ter compreendido, sem com isso impor como sabedoria única e verdade absoluta, mas humildemente aberto para críticas.
Hoje, portanto, optei por fazer a abertura que está exposta abaixo. Ela veio por meio da inspiração em meu aniversário deste ano e ficou guardada até agora. A memória não é boa para aquilo que vem de outras vidas, portanto, posso dizer apenas que a jogada (a qual provavelmente deve ser conhecida e bem estudada por profissionais) se faz como um triângulo cuja ponta indica o objetivo (ou destino) da ação de duas forças: material e espiritual. A força (ou caminho) espiritual é descrito do lado esquerdo, já o material é descrito do lado direito (ainda não sei a razão dos lados, apenas aceitei a inspiração dada). Bom, sabendo disso, acho que podemos começar a jogada, temos então a seguinte configuração:



Agora que olhamos para as cartas, gostaria de ajudar um pouco mais com a música que está inspirando minha escrita a partir de agora, aqui. Pronto, agora querido(a) leitor(a) acalme-se e faça uma boa leitura, espero que possamos aprender algo com essa leitura, criticar construtivamente e somarmos novas perspectivas.
Comecemos pelo lado mais importante, claro, o lado espiritual, o lado que guia o material de certa forma. Vejamos que entramos com a Arcana Menor X de Bastões. As décimas arcanas, no geral, simbolizam o fim de um ciclo, cessação de uma atividade, no caso, o fechamento de algo. Já que estamos olhando para a esfera espiritual, podemos abstrair daí que a caminhada espiritual é finda, o que antes havia sido escolhido como um caminho, agora, chega ao seu fim. Contudo, as décimas arcanas não representam fins sem futuros. As décimas arcanas indicam crise, o fim chegou e o pedido de socorro é evidente, age-se, portanto, na busca de um milagre. O fim apenas chegou pois já há um novo começo, já há algo novo em diante, jamais a vida retira de nós um caminho sem antes deixar outros prontos, especialmente em se tratando da esfera espiritual.
Concomitante a esse caminho espiritual que se encerra, nós podemos ver um caminho material que se inicia, curiosamente, por meio de uma união abençoada pelo III de Pentagramas. A harmonia entre o X de Bastões e III de Pentagramas, neste primeiro nível, não poderia ser maior. Espiritualmente, X de Bastões também indica o dueto recepção e ação, algo similar ao que diz III de Pentagramas, uma carta ativa de alto poder criativo indicando um alto investimento de tudo o que se tem ao mundo material, podendo concretizar duas realidades: sucesso ou morte. Aqui, o cenário obscuro demonstra apenas um fato natural chamado incerteza, pois em nenhum momento, em nenhuma iniciativa que se faça, podemos previamente saber se será bem sucessido ou não, há chances para ambos os lados, para o sucesso e para o fracasso. Podemos, então, avançar para o segundo nível espiritual e perceber que nos foi dado um Ás de Bastões, um início, receptivo, com a palma das mãos voltadas para nossos olhos. A família de Bastões simbolizam a energia ativa da criação, que diferente do que denota em nossa cultura, é andrógina, isto é, não possui gênero, não se define por masculino ou feminino. O plano espiritual, portanto, nos dá recursos para caminhar, para criar, para chegar onde desejamos, para construir o que queremos. Há aqui um início dado, como era prenúncio do estágio anterior, em que um fim era posto e um novo começo era prenunciado.
O novo começo, interessantemente, está fortemente ligado ao plano material em que podemos visualizar V de Pentagramas, um número considero problemáticos e trágico por muitos esotéricos. Sabemos que o V é o caminho do meio, reside no intervalo entre o mundo espiritual e o mundo material, é justamente o ponto de mudança, onde se escolhe adaptar ou perecer. Embora a imagem seja deveras triste, as figuras humanas que andam pela neve, doentes e aleijadas, rumam no sentido da sobrevivência. Apesar das dificuldades, o V de Pentagramas nos coloca a trivial ideia de que para sobreviver é necessário se adaptar. É necessário e urge novos investimentos, dando-nos aqui um viés de certeza para o que antes era pura incerteza na fase anterior com III de Pentagramas.
Precisamos fazer um adendo muito importante aqui, o qual não tem um viés de divinação – sabemos todos que eu sou contra a divinação, embora reconheça sua possibilidade e também seus perigos. Observe a caminhada material, vejamos que começamos em III de Pentragamas e avançamos para V de Pentagramas, há um número aqui não exposto, preferencialmente escrito como IIII (nunca IV, por razões históricas de progresso). O IIII de Pentagramas foi o momento em que se passou para executar uma escolha e gerar um resultado. A escolha pode ser de muitas ordens, mas todas presentes no mundo material. Podemos pensar em investimentos que podem dar retorno, podemos pensar em uniões que se forticaram, podemos pensar até mesmo em mudanças de hábitos que permitiram melhores resultados na vida prática cotidiana. Portanto, ao encontrar a arcana V de Pentagramas, estamos diante de um momento e não de um resultado propriamente dito, é o instante em que IIII de Pentagramas é decidido, somando-se um novo Pentagrama e gerando o V de Pentagramas, isto é, o resultado que vem logo a seguir.
No estágio subsequente, com a arcana X de Espadas no plano espiritual, podemos ver um cenário muito similar ao primeiro estágio. No primeiro estágio tíanhos o fim, posto por um novo início, na espera de um milagre e pedindo socorro. Pois bem, o divino sempre vem, eis que ele aparece como um agente menor da Arcana XX (O Julgamento). A Arcana X de Espadas finalmente traz fim, aniquilando de vez e legando-nos a solidão. Mas o que é aniquilado? O que morre? O que é, afinal, deixado para trás? É preciso uma correção aqui, nada pode ser “deixado para traz” ou “morrer” ou “ser aniquilado”. O que de fato acontece é o encerramento de uma etapa criativa, agora, temos a pura recepção de ordem espiritual. Não é surpreendente – com as ressalvas que faço com relação à divinação – que o ano que se inicia é o ano 10 (2+0+1+7 = 10). Ou seja, será o momento para encerrar, por definitivo, etapas da espiritualidade, fechando portas visitadas para então abrir outras portas aos céus.
Novamente, precisamos reforçar, não há um fechamento único, isolamento absoluto, solidão profunda. Há mudanças, há novos caminhos, novas portas e diferentes visões que não tínhamos antes. Isso representa o fluxo de crescimento possível, quando receptivo estamos para a espiritualidade. Pois bem, vejamos como estaremos do lado material. Temos aqui a arcana VI de Bastões, número que na cabala significa Beleza, ou o caminho da Realidade. Eu preciso, agora, abrir um imenso parêntesis para expor meu profundo relacionamento com essa arcana e com todas as arcanas representadas pela manifestação de VI (Os Enamorados, A Torre e os VI de todas as Arcanas Menores).
Qual o motivo de minha relação com essas Arcanas? A relação se deve pela data de nascimento, o dia em que eu nasci soma 6 (soma-se todos os números até que dê um valor entre 1 e 21). Na cabala, seis representa a Beleza, o caminho da compreensão do mundo, em sua totalidade, a capacidade de ver verdadeiramente, compreender o sólido, o material, entender como o mundo funciona. Lembremos, não se dissocia o material do espiritual, por mais que queiramos, por mais que pensemos que não há relação, podemos obliterar nossa percepção da espiritualidade, mas isso não remove de nós nossa verdadeira natureza. Portanto, compreender verdadeiramente o mundo material consiste em perceber a relação intrínseca que há entre os planos (espiritual e material). A Beleza reside em perceber que um (o plano material) é mero espelho do outro (o plano espiritual), miragem que se copia, fraca e debilmente.
Sendo assim, a arcana VI de Bastões consagra realizações materiais, demonstra que o esforço foi agraciado e bem recebido, houve o encontro com o que se buscava (as apostas iniciais dos dois estágios pregressos). Também é necessário notar que do lado espiritual falávamos de fim, de solidão de alguma sorte, ao passo que do lado material parecemos observar o completo oposto. Tal cenário poderia indicar desequilíbrio evidente da alma, um acentuar de um lado da balança e um mitigar de outro. Para melhor compreender o que se passa, vamos então encerrar com a entrada do caminho do meio, isto é, o verdadeiro encontro dos planos espiritual e material.
Nesse instante nos deparamos com o Rei de Espadas, o arquétipo da juventude e da força ativa. Um bom sinal, mas ao mesmo tempo delicado. Na cabala, o Rei de Espadas se encontra posicionado no caminho 6, isto é, o mesmo da Beleza. Indicando, com a precisão cirúrgica da espada, que o arquétipo real conquistou a si mesmo, está agora desprendido, figura como aquele capaz de se desapegar cujo único ponto fraco reside no próprio poder. Impera e urge nesse momento que o equilíbrio seja fundamental, pois nesse instante todas as vontades são realizadas, tudo se pode, tudo se conquista, os desejos são atendidos a qualquer momento, basta uma ordem. E eis o perigo. É preciso cuidado com o que se deseja, é preciso bom senso, equilíbrio e justiça para agir no mundo. Não se pode impor a vontade sem que um dia seja cobrado dela. Portanto, para que esse Rei governe sabiamente, ele terá de usar de seu maior e mais forte recurso, o intelecto imbuído da espiritualidade que ele mesmo veste (o manto azul). Seu reinado será tão próspero quanto for seu equilíbrio entre o mundo espiritual e o material.
Finalmente, meus(inhas) queridos(as), é finda a leitura. Nesse momento, o convite a reflexão é aberto, o convite às críticas construtivas é igualmente aberto e especialmente bem-vindo. Enfim, que possamos todos iniciar esse ano de fins, esse ano de expansão e retração, que sejamos capazes de fazermos nossa parte, da forma que sabemos, da forma que conseguimos, sem culpismo, sem excessivas cobranças, aceitando que somos, reconhecendo nossos pontos fracos, nossos momentos. Somos todos imortais, portanto, haverão muitos momentos que viveremos e com os quais aprenderemos. Que sejamos capazes, um dia, exalar o mais agradável perfume dos Manacás para que os Urutaus que chegam até nós o façam livremente.

Saturday, February 6, 2016

O Diabo revisitado

Olá a todos os meus(inhas) queridos(as) leitores(as) que acompanham esse escritor amador, mas que buscam aqui algumas palavras de sabedoria e, quiçá, conforto. Hoje, trataremos de um tema que não poderemos escapar caso queiramos compreender, verdadeiramente, mais de nós mesmos e do mundo em que habitamos. Para ser bem honesto, vamos revisitá-lo, pois esse texto já foi publicado aqui antes, mas foi cuidadosamente submetido a uma curadoria com melhores energias, afinal, o trabalho por si só já é por demasiado denso, será obrigatório de nossa parte fazer a lição de casa. Antes de avançar, meus(inhas) amados(as), por favor, acalmem seus corações e sigam com o melhor da luz de vocês, pois que até Dante recebeu ajuda de Virgílio para atravessar o inferno.
Há um bom tempo que estive em conexão ímpar com energias sexuais e movimentos da Grande Deusa, um pouco de meu passado Wiccano chamou-me mais fortemente a voltar minhas energias da tríade corpo, mente e espírito em algo mais profano, apenas me restava saber o que haveria de tão profano a ser lançado luz (para descer ao inferno é preciso vibrar como o inferno).
As energias sexuais e os rituais de Hécate me apontavam o caminho rumo ao Demônio (demon = espírito, entidade neutra sem caráter negativo ou positivo), o anjo caído chamava com toda sua luz para uma compreensão maior daquilo que tanto ignoramos e, sobretudo, pouco conhecemos. Compreendamos, primeiro, que ignoramos por razões histórico-sociais as quais nossa cultura atual é construída, pouco conhecemos por reflexo de nosso menosprezo a tal interação profunda. Bom se faz notar, aqui, que muito de nosso medo é fundamentado em nosso real senso de sobrevivência, um mecanismo justo atribuído a nós pelos mecanismos divinos da vida, não podemos nos destruir, criaturas imortais, portanto, frenam-se no medo da destruição, visto que descer ao inferno de nós mesmos é similar a nossa auto-destruição tão temida (por favor, notem aqui o jogo de ilusões, tenham cuidado, estamos falando de coisas perigosas, há muita ilusão em jogo e muitos mecanismos de sabotagem do subconsciente).
Há algo que precisamos conhecer um pouco mais de nós mesmos, trata-se esse algo da imagem da Arcana Maior de número XV, falamos da carta "O Diabo." Mas antes que possamos tratar com mais seriedade dos assuntos que quero abordar, eu gostaria de recomendar alguns livros para leitura e aprofundamento na presente Arcana Maior, são dois: "The Fool's Jorney - A journey to Wisdom: how to become an insightful tarot reader" e outro chamado "The way of Tarot - The spiritual teacher in the Cards," mas transcreverei um trecho do primeiro livro que citei acerca da carta que analisamos hoje:
"Lição: quando nós percebemos a energia negativa dentro de nós e estamos prontos para confrontá-la sem compromissos, nós podemos vencer o Demônio, o qual aparece em nossa psique como os medos internos, inibições e crenças limitantes. Então, nós não precisamos encontrar o Demônio em nossa vida, pois nós fizemos o nosso trabalho interior. A escolha de se tornar livre das correntes do Demônio está em nossas mãos."
Pronto, agora que você já leu esse trecho e já sabe onde procurar por mais informações vou recomendar uma música para que você possa se sintonizar na energia que estou trabalhando agora, a música chama-se The Voyage (ironicamente cantada por um grupo super católico que eu estou amando ouvir). Caso queira, ouça a música e busque a letra aqui. Peço profunda desculpa para os não falantes do inglês, qualquer coisa tente usar o google tradutor, talvez ajude, mas se precisar de uma ajuda maior entre em contato comigo que eu mandarei a letra traduzida para o português com todo o carinho (meu email: manoelvfb@gmail.com).
Agora vamos às explicações. De quais forças estamos falando? Estamos falando das forças materiais, as energias pulsantes do chacra básico, um dos veículos de manifestação de nossos sentimentos materiais na dualidade em que vivemos, um dos mecanismos de suporte de sublimação de energias sexuais. Também falamos do coração, na figura do chacra cardíaco, o qual compreende a região onde os duetos amor e medo, morte e vida, luz e sombras se manifestam profundamente. Há uma grande associação feliz que fazemos com a figura do coração, mas ignoramos completamente os sentimentos mais sombrios que nele residem e, portanto, sabermos sintonizar com esses sentimentos é um passo importante para compreendermos um pouco mais de nós mesmos.
Com essa experiência podemos, inclusive, compreender um pouco mais da sagrada lição espiritual do Tarot com respeito à Arcana Maior O Diabo. Para melhor visualizarmos essa Arcana, vou deixar aqui duas imagens Dela, a saber, a primeira (à esquerda) pertencente ao baralho de Marseille e a segunda (à direita) ao de Waite. Seria interessante que vocês pudessem prestar atenção na imagem de cada carta, admirar ambas, sem medo, compreendendo que essas são criaturas tão divinas quanto o próprio criador. Afinal, se tudo advém da criação, até mesmo as sombras, as trevas, o inferno, são produtos da criação para a mesma causa, a causa final, a regra, isto é, a lei, tudo à perfeição, consulte o capítulo 6 em "O Livro dos Espíritos" aqui.


Observemos, primeiro, a carta de Marseille. Perceba que a figura do diabo possui pares de olhos na cabeça, nos peitos, na barriga e nos joelhos, tal se deve para que possamos melhor ver e encarar os medos. Também podemos perceber que há quatro faces, um para cada par de olhos, distribuídos ao longo do corpo do diabo sendo que três desses rostos colocam a língua para fora designando, assim, a vasta extensão do poder criativo e sexual do diabo. Caso haja dificuldades para perceber, o pênis assume aqui a figura de uma língua cujo rosto é completo com os órgãos sexuais femininos (peitos com olhos), o que deixa explícito a ideia de que a dualidade de gênero assume uma unidade hermafrodita em mensagem clara do poder sexual e material do diabo (válido para ambos os sexos, uma vez que o espírito não possui sexo e anima a ambos).
Observemos, igualmente, que o corpo do diabo é azul, significando aqui a característica espiritual do diabo e sua simbologia mental, tratando-se portanto de uma entidade de caráter predominantemente divino. A divindade é coroada com chifres e, essa divindade, coroa outros seres indicando a ligação passional profunda nas criaturas encarnadas e presas aos ditames mais primitivos da matéria, observe que as duas criaturas abaixo estão presas por uma corda no pescoço.
É bom observar que a corda (ou corrente) que prende as figuras humanas, logo abaixo do púlpito em que se encontra o diabo (o diabo é aqui um ser divino, por isso em um púlpito), estão presas pelo pescoço, indicando assim que a manifestação da verdadeira identidade dessas criaturas é recriminada, sufocada e aprisionada sem a licença da real manifestação da luz divina deles mesmos, um problema sério que vai contra as leis divinas como exposto pelo professor Rivail no livro "O Livro dos Espíritos" capítulo 10 aqui.
De maneira geral podemos compreender esse aparente cenário dantesco com os seguintes dizeres do próprio diabo (extraído de "The way of Tarot - The spiritual teacher in the Cards"):
“Eu acendo a tocha que traz ordem às trevas. Em uma escada de obsedianas eu crio o meu caminho aos pés do criador para apresentá-lo o poder da transformação como uma oferenda. Sim: depois da impermanência divina eu luto para congelar os instintos, para fixar em um canto como uma escultura fluorescente. Eu ilumino com minha consciência e agarro isso, até que isso queime em um novo trabalho divino, o universo infinito um labirinto infinito que escorre por entre minhas garras, uma caça que escapa por entre meus dentes, traços que desaparecem como um súbito perfume.
“E aqui eu permaneço, tentando segundo após segundo parar o fluxo do tempo. Assim é o inferno: amor absoluto versus o trabalho divino que se vai. Ele [Deus] é o artista-invisível, impensável, intangível, intocável. Eu [O Diabo], eu sou outro artista: fixo, invariável, obscuro, opaco, denso, uma tocha que queima eternamente com fogo imóvel. Sou eu quem deseja engolir a eternidade, essa glória imponderável, agarrando isso ao centro de minha barriga e gerando isso tal como o pântano que se constroi de pedaços para que emerja uma haste em cujo fim se abre a flor de lótus, na qual o diamante está brilhando. Assim, dilacerando minhas entranhas, eu quero ser a suprema Virgem que origina Deus e agarra-O em uma cruz, só então ele permanecerá para a eternidade aqui comigo, sempre, nunca mudando, permanente permanência.”
Observe bem meus(inhas) amados(as) leitores(as) que o diabo figura aqui aquele que gera ordem mesmo no inferno, aquele quem promoverá a reorganização de um estado de absoluto sofrimento e estagnação a um estado de ordem e movimento. Portanto, como nos textos indicados que vocês poderão ler, vocês poderão perceber o caráter divino do diabo, sendo ele uma parte do uno que foi dualizado.
A encarnação nos confere aqui, portanto, nossa conexão abrasiva e curadora com as nossas trevas, nossas inclinações criativas e sexuais, isto é, nossa interação mais direta e sólida com aquilo que é parte de nós e que, no entanto, não deve ser negado, ignorado ou temido, mas sim deve ser tratado com todo o cuidado e devido respeito. É preciso compreender aqui que não tratamos de uma apologia ou uma escusa à ação funesta e maligna, mas sim um movimento de aceitação e cura em um abraço cósmico e maravilhoso entre aquilo que compreendemos por luz e sombras (ainda que ilusões, essas são tão reais quanto a verdade da ilusão, fique atento às sabotagens mentais).
Agora, para que não delonguemos mais nosso texto, recomendo que você revise um texto que fará a leitura da carta segundo a visão de Waite, aqui, esse foi meu trabalho há alguns anos atrás.
Pronto meus(inhas) amados(as), creio que consegui chegar ao meu objetivo, o trabalho de curadoria do texto. Espero que vocês possam absorver um pouco mais adequadamente o que foi escrito, afinal, a palavra não é suficiente, precisamos de muitos mais recursos que, por hora, carecemos de compreensão. Sigam em paz meus(inhas) amados(as), saibam sempre que com o dever de casa feito, ascendemos.

Sunday, January 31, 2016

Ás de Pentagramas

Olá meus amados(as) Urutaus! Queridos(as) leitores(as) que aqui se fazem presente mais uma vez, nessas humildes linhas que vertem algumas palavras da sabedoria antiga, misturadas com os sentimentos e as experiências desse viajante que aqui escreve.
Preciso desabafar e dizer que tem sido uma tarefa um tanto complicada o desabrochar da escrita para as Arcanas Menores, mas hoje chegaremos ao fim do quadrante, finalmente iremos abordar o Ás de Pentagramas (ou Ás de Ouros, na tradução oficial). Irei sempre utilizar Ás de Pentagramas, por ser a forma com a qual estou habituado a utilizar e a qual, igualmente, permite-me maior acesso ao que eu devo prestar atenção, talvez isso sirva de ajuda para vocês.
Estamos então, munidos da energia das águas de Aquário, com o Ás de Copas tivemos acesso ao centro das emoções, o cerne dos sentimentos e a ímpar capacidade feminina da criação. Depois, estagiamos um tempo na esfera do sexo com o fogo de Leão, compreendendo com o Ás de Bastões que as energias sexuais representam a divina fonte do empenho criativo que há em nós, através do qual devemos fixar sólida base para ascender às esferas superiores. Por fim, nosso último encontro foi com o Ás de Espadas, ou a violenta e poderosa ação dos ventos de Escorpião, o elemento da capacidade cognitiva, a inteligência e a consciência suprema.
Agora chegamos ao fim dessa jornada, podemos olhar para trás e ver Aquário, Leão e Escorpião como templos, como signos de grandiosidade e orgulho. Seus símbolos Copas, Bastões e Espadas são eretos, fálicos, fecundos e ascendem aos céus em peculiar forma a demonstrar que o espírito é original na água, ativo no fogo e criativo no ar. Singularmente, nosso último encontro se dá com o Pentagrama, o símbolo da união entre os cinco elementos, quatro muito claros aos olhos dos não iniciados e o quinto apenas visível para os que sabem ver.
Água, fogo, ar e finalmente terra constituem os quatro elementos que fazem parte desse mundo, são símbolos ou metáforas para padrões observados pelos antigos. O Ás de Pentagramas é regido pelo signo de Touro, animal terrestre assim como o Leão, mas cuja alimentação é exclusivamente herbívora, ou seja, é um animal que se alimenta diretamente da terra, aquele que precisa se curvar para obter seu sustento, representando o símbolo da humildade.
Mas qual então seria o quinto elemento? Aos corações atentos, foi possível perceber que o quinto elemento é o espírito! O Ás de Pentagramas une assim cinco elementos para nos mostrar que o mundo é a união do material e do imaterial e que, ao mesmo tempo, é importante estar no mundo, a humildade é o caminho base para o espírito, esse mesmo deve compreender que ser material é importante, mas deve evitar pertencer ao material.
É importante para o espírito estar entre os elementos neste mundo, mas não é interessante que o espírito permaneça na matéria ou que materialize ao ponto de perder a percepção de sua própria natureza imaterial. O Ás de Pentagramas nos deixa claro um outro detalhe fundamental quanto a sua arquitetura.
Uma taça, uma espada e um bastão podem parar em pé quando jogados em terra firme, mas uma medalha cairá e se deitará, isto é, o Ás de Pentagramas não representa grandeza, apesar de ser da cor do ouro, isso apenas deixa claro que a verdadeira preciosidade reside na humildade, na simplicidade e na capacidade de perceber a natureza das coisas e assim conduzir o caminho meditativo no encontro de si mesmo.
Podemos ainda fazer uma referência muito forte ao Budismo em nossa visão da medalha dourada jogada ao chão. Observe o cenário logo abaixo da feminina mão que segura o Pentagrama, trata-se de um jardim, com flores simples, um ambiente humilde, mas bem cuidado, assim como os Zen Budistas fazem com seus jardins. Cuidar do jardim é tradição que se refere à melhoria de nós mesmos o que acarreta na melhoria de nosso trabalho, nossa família, nossas cidades e etc. Cuidar do jardim é também compreender a natureza búdica em tudo, é ser capaz de seguir a máxima de um Bodhisatva: “Eu não quero nada pra mim que não seja nada para o outro.”
Podemos ainda estagiar um pouco no Budismo Tibetano, através do mantra “Om mani padme hum” que significa “Oh Diamante no Lótus” e que muito bem representa a consciência pura e sem ego do Buda, isto é, a verdadeira essência do espírito, a vacuidade. Sobretudo, ao fundo podemos ver um muro verde e que discretamente nos abre uma porta rumo ao desconhecido, rumo às montanhas, rumo à lição Búdica da impermanência.
Temos aqui, finalmente, a junção de todos os elementos trabalhando harmonicamente com o espírito no sagrado caminho do descobrimento de si mesmo. Eis a verdade do Tarot. Os segredos podem ser por ele revelados, mas é o espírito quem fará o trajeto.
Enfim meus(inhas) amados(as), espero em breve começar a escrever um pouco das demais cartas que cada quadrante guarda e ao final apresentar as personagens reais de cada quadrante Reis, Rainhas, Pagens e Cavaleiros. Por enquanto, fico feliz de poder escrever após meditar por um tempo e recitar calmamente o mantra “Om mani padme hum.” Recomendo o mesmo para vocês, todos os que buscam no Tarot algum conhecimento, não encontrarão de outra forma que não seja vivendo-os.
“Cada pensamento verdadeiro corresponde à Graça Divina nos céus e um bom trabalho na Terra.” Eliphas Levi.

Sunday, December 20, 2015

Ás de Bastões

Olá meus(inhas) queridos(as)! Rogo aqui, para todos(as) os(as) leitores(as) desse humilde blog, as melhores energias. Voltamos em nossa caminhada pelos pequenos segredos e seguiremos o caminho serpentino da lemniscata (símbolo do infinito).
Para os que se lembram da figura da vigésima primeira Arcana Maior (O Mundo, clique aqui), começamos no quadrante superior direito, com Ás de Espadas, seguimos para a esquerda, com Ás de Copas e agora desceremos para o quadrante inferior direito, com o Ás de Bastões (assim prefiro utilizar em contraposição à tradução “Ás de Paus”).
Hoje falaremos muito das energias sexuais e, com isso, vamos explorar um pouco mais da energia criadora a qual clama o futuro de todas as almas. É preciso estar de coração aberto para melhor entender o perpétuo chamado da criação e, da mesma maneira, de mente aberta para entender as muitas manifestações do processo criativo, portanto, clamo para que vocês compreendam as energias sexuais como manifestações criativas.
Vamos analisar, hoje, a arcana menor Ás de Bastões que, de maneira geral, representa uma estrutura invertida com relação ao Ás de Espadas. Lembremos que o Ás de Espadas é simbolizado por uma mão que se origina de uma nuvem e cuja palma está voltada contra nós, isto é, conseguimos visualizar as costas da mão, a qual segura uma espada cuja base é mais grossa que a ponta (veja aqui).
Traduzindo o simbolismo acima, temos que a palma virada com as costas em nossa direção implica um símbolo do arquétipo masculino ativo e o caminho da base até a ponta da espada demonstra o processo de construção do intelecto humano, o que seria o mesmo que dizer que a mente ou a inteligência humana é esculpida em um processo cronologicamente progressivo, ou seja, o passado (parte grossa) chama o futuro (parte fina) para que a inteligência do futuro, construída pela mão do homem (por isso força ativa), mantenha o equilíbiro da humildade em reconhecer que seu início foi a base da ignorância.
Percebem a riqueza desses diminutos detalhes sagrados? Pois bem, também o encontramos no Ás de Bastões, porém agora o temos de maneira contrária, a mão que segura o bastão está com a palma voltada em nossa direção, indicando um arquétipo feminino receptivo ao processo que parte da base fina até a ponta grossa do bastão. Temos que o futuro chama o passado e devemos entender esse chamado interpretando o signicado do processo, isto é, do caminho executado da base do bastão até a ponta.
Observe que o bastão apresenta alguns brotos nos quais se vê pequenas folhas que em muito lembram vaginas e que a ponta do bastão muito se assemelha à glande peniana em cujo centro, ironicamente, parece-se observar o orifício óstio vaginal. A riqueza da alusão aos órgãos sexuais masculino e feminino, concomitantemente, dá-se aqui por uma razão clara que diz sobre a similaridade da energia sexual de ambos os gêneros.
A energia sexual masculina em nada difere da energia sexual feminina, isto é, ambas são formas de expressão criativa chamadas pelo futuro do espírito. Traduzindo em uma linguagem mais simples, é por meio da energia criativa que o espírito traça o caminho de sua ascensão, sendo o arquétipo básico desse processo (a mão que segura o bastão) feminino, ou seja, o processo criativo deve ser acolhido pelo espírito, pois o espírito é co-criador (seja ele habitante de um corpo feminino ou masculino).
É bom esclarecermos aqui alguns detalhes que, talvez, nossa cultura não nos permita entender sem grandes embaraços ou sem que sejamos tocados [negativamente] em nosso ego de alguma sorte. O espírito não tem sexo, é importante notar que a expressão da genitália se deve às circunstâncias biológicas desse mundo, mas não representa aqui uma realidade absoluta (entenda, uma verdade perene, eterna) para o espírito, sendo então as duas variantes sexuais uma manifestão divina da dualidade em que habitamos, dualidade esta fundamental para o desenvolvimento do espírito na matéria, dado que a caminhada evolutiva pode ocorrer em diferentes cenários tantos quantos forem necessários para que o espírito possa evoluir – logo não é de surpreender que apesar de dois sexos, múltiplas são as orientações desses gêneros.
Agora que já exploramos um pouquinho de cada uma dessas arcanas, poderíamos nos perguntar qual o significado da união dessas energias? Sendo o Ás de Espadas representado pela energia do ar e o Ás de Bastões pela energia do fogo, isto é, o Ás de Espadas representa a potencialidade da mente e o Ás de Bastões representa a potencialidade criativa, podemos afirmar que o propósito da mente é perpassar o passado para atingir sua origem, bem como o propósito da sexualidade é nos levar em direção ao futuro, até o fim dos tempos, logo, o impulso criativo ou o movimento do espírito se dá pelas forças criativas que se manifestam bela base sexual e são orientadas pela mente instruída (bastão e espada se interpenetram).
Bom meus(inhas) queridos(as), espero que vocês apreciem com profundeza as questões da própria sexualidade. Vamos explorar muito mais esses tópicos quando perfizermos os caminhos de cada quadrante. Peço desculpas por minha demora em escrever, mas não posso escrever sem antes estar com a mente equilibrada e, manter o equilíbrio, nem sempre é a minha maior qualidade.
Que os segredos da dualidade não lhes sejam mais segredos, mas notas singulares na perpétua busca por conhecerem a si mesmos. Grande abraço e não se desviem do iluminado caminho sexual.

Sunday, November 22, 2015

Ás de Copas

Olá meus/minhas amados(as)! Espero que todos estejam bem e felizes com o caminho da vida que cada um segue. Aqui vamos retomar nossa caminhada pelas Arcanas Menores.
Ainda estagiamos nos primórdios do aprendizado de muitas coisas nessa vida e, por isso mesmo, fui guiado a escolher os “Ás” primeiro, seguindo novamente a intuição, farei a viagem em forma de espiral, como uma respota ao que os espíritos de outos mundos têm ensinado.
Portanto, hoje não continuaremos no intelectivo sígno de Escorpião, vamos entrar no sensível e amoroso sígno de Aquário. Vamos seguir as águas profundas dos sentimentos que tangem a dor, o sofrimento e toda forma de miséria ou angústia.
Comecemos, pois, com o “Ás de Copas”, observemos a riqueza de símbolos dessa carta, notemos o destaque para as águas que, como veias, saltam do fundo do cálice em direção ao oceano logo abaixo. Pense: se o fluxo de água do cálice rumo ao oceano não cessar, então, o cálice deveria esvaziar-se, não funcionando mais como uma fonte, tendo em vista que ele não se conecta com nenhuma outra entrada de água.
Oras, precisamos entender que há uma razão de ser para o fluxo contínuo de água do cálice, atuando como uma fonte. A água é uma representação do sangue, ou do elemento que dá vida, e ele jorra do cálice infinitamente pois a fonte da vida é o amor. O cálice abriga o amor divino, o amor cósmico que nunca cessa de emanar vida.
Notemos, a figura de um “W” no cálice e, logo acima deste, uma pomba com uma hóstia no qual se vê uma cruz. Tratam-se de figuras de origem Católica-Apostólica-Romana, estamos diante da representação pictórica do Santo Graal, visível apenas aos olhos de iniciados que aprenderam a ver o cosmos por uma outra perspectiva.
Virando a carta de ponta cabeça, notaremos que “W” se transforma em “M” a letra do nome de Maria Magdalena que recebe de Jesus (a pomba branca) o espírito que dá origem a uma nova vida (hóstia com a cruz). De ponta cabeça, as linhas de água representam o sangramento do parto, isto é, a reencarnação.
Assim, portanto, estamos vendo a mensagem da imortalidade e do sustentador da imortalidade. É por amor que existimos, é por amor que vivemos e é por amor infinito que experimentamos todas as formas de sofrimento durante a encarnação.
Podemos, ainda, notar que 26 [número que designa um deus dos três deuses que compõem o Tarot = Deus + Jeová + Alá] pequenas gotas de água em forma de pétalas rodeam todo o trajeto percorrido pelos veios de água do cálice até o oceano abaixo. Sendo 5 o número de fios de água contados, simbolizando a letra hebraica “Hay”, ou seja, a passagem do “não ego” para o “ego” e indicando o aspecto profundamente feminino e passivo dessa carta que é a vida encarando a alma.
Por fim, porém muitíssimo escondido dos olhos não muito atentos, podemos contar 16 folhas de uma planta que boia no oceano abaixo, algo como uma “Vitória Régia.” Esse número faz menção à carta “A Torre” das “Arcanas Maiores,” a qual simboliza o nascimento de duas consciências pela reencarnação dolorosa da queda, um processo fundamental no crescimento e amadurecimento do espírito.
Enfim meus/minhas queridos(as), espero que vocês tenham preenchido a si mesmos com a compreensão maravilhosa de que o amor é a fonte de tudo, mesmo daquilo que percebemos como sofrimento. Tudo existe, pois tudo é originado no amor, tudo se renova, tudo se reinicia, tudo se finaliza e tudo se fundamenta no divino.

Tuesday, November 17, 2015

Ás de Espadas

Olá meus queridos, amados e abandonados Urutaus, espero que os Manacás estejam protegendo a todos para as tempestades que se aproximam nas terras tupiniquins. Hoje vamos retomar nossa abandonada viagem rumo aos segredos diminutos, isto é, às Arcanas Menores.
Preciso retomar a última postagem aqui feita para que possamos nos situar e, assim, nos realocarmos no contexto dessa viagem. A primeira postagem aqui feita para a apresentação desse projeto pessoal foi realizada utilizando a vigésima primeira Arcana Maior, O Mundo, para que pudéssemos dividir o universo em quadrantes, os quais eram regidos pelos sígnos cardinais fixos Aquário, Escorpião, Touro e Leão.
Assim sendo, também nos utilizamos de uma leitura mais zodiacal e, por isso mesmo, pouco mais diferente do usual para os estudiosos do Tarot. É verdade que costumo trabalhar com o zodíaco mais frequentemente do que com a linguagem técnica do Tarot e os conhecimentos iniciáticos de um velho conhecido chamado Eliphas Levi, isso se deve aos meus vícios de leitura.
Portanto, para que possamos adentrar com mais acertividade na leitura das Arcanas Menores, teremos que nos despojar dos conhecimentos zodiacais e aprofundarmo-nos nos conhecimentos esotéricos mais finos, para isso iremos reformular a ideia da associação elemental e alguns de seus atributos.
A partir de agora faremos a seguinte associação:
Sígno Cardinal Elemento Propriedade
Aquário Água Receptividade e sentimentalidade
Touro Terra Materialidade e agressividade
Leão Fogo Sexualidade e criatividade
Escorpião Ar Intelectualidade e exequibilidade
Agora que conhecemos os valores de cada sígno cardinal fixo poderemos avançar em nossa atrevida busca pelos detalhes do Tarot. Iniciemos, pois, pelo “Ás de Espadas”, aqui representado pelo sígno de Escorpião.
O “Ás de Espadas”, como descrito em nossa última postagem, se apresenta como uma figura no qual observamos um tipo de nuvem dentro da qual sai uma mão segurando uma espada. Notemos que a mão que segura a espada mostra para nós as costas e não a palma, indicando assim tratar-se de um arquétipo intelectivo e enérgico. A espada, por si só, é um símbolo fálico, a representação de um pênis que está ereto rumo aos céus e em cuja cabeça é coroado, indicando o Logos, isto é, a mente como o foco de todo o cenário ou a unidade com a consciência cósmica [inteligência pura].
O símbolo fálico aqui associado à coroa nos deixa a mensagem de que a atividade mental é a real força que guiará a consciência rumo aos céus, ou em uma leitura mais profunda, podemos observar que a espada inicia-se de uma base mais grossa do que a sua ponta, sendo a ponta coroada e, portanto, agraciada com a consciência plena, ou seja, da base para a ponta nos indica que o caminho da consciência rumo à compreensão cósmica se dá pela ereção fálica da espada, ou seja ainda, pela dor e pelo sofrimento que molda a inteligência da mente do passado até o futuro, sendo o passado uma alusão à queda bíblica e o futuro a ascenção cósmica da compreensão do todo.
Para que a consciência possa executar esse caminho e atingir o seu destino é necessário que ela faça uso das sete joias da coroa, as quais representam as sete inteligências ou os sete sentidos materiais (tendo em vista que cada inteligência é associada a um sentido), os quais fornecem meios para que a consciência [espírito] possa se manifestar e agir no universo material sem no entanto deixar-se consumir por esse universo.
Da mesma forma, podemos notar que a execução desse caminho não seria possível ou mesmo concebível para uma mente limitada, isto é, uma consciência diminuta seja ela limitada por sua própria natureza ou limitada pelas condições da natureza externa. Assim, como é usual no Tarot, podemos notar a referência às propriedades intrínsecas do espírito, consciência ou mente. Falamos do espaço e infinitude, do tempo e da eternidade como sendo atributos naturais da consciência, atributos estes representados pelos ramos que despecam da coroa. Portanto, tornando-se eterna e infinita a mente [espírito] conseguirá alcançar a união com a consciência cósmica [inteligência pura].
Bom meus queridos, por hoje é só, vamos quedar por aqui com a noção de que a eternidade e a infinitude da consciência são alcançadas quando o espírito finalmente voltar à origem de si mesmo, a famigerada busca pela Terra Santa, o coração de Jerusalém, nada mais é do que uma alusão ao caminho do autoconhecimento, a busca incessante por conhecer a nós mesmos.

Saturday, October 3, 2015

As Arcanas Menores

Olá queridos(as) urutaus que farfalham nos manacás!
Depois de um longo tempo de displicência com relação ao prometido, cá estou de volta, para retomar e fazer cumprir minha palavra, a qual por sinal já começou com muitos erros. Eu preciso dizer que não houve um texto sequer nesse querido blog que foi escrito na ausência de música, cada texto carrega consigo uma faixa vibracional do que a música me inspirou, isto é, muito do que teço por aqui está a merce não somente de meus conhecimentos, mas da inspiração que ora a música me traz, por isso mesmo às vezes é difícil escrever, pois é preciso uma música certa para cada texto. Enfim, vamos prosseguir ainda que haja falhas e percalços no caminho.
Hoje iniciaremos o grande conjunto das arcanas menores a qual traz consigo os pequenos segredos do cosmos, aprisionados em seus muitos arquétipos. Relembrando, o termo “arcana” é oriundo do latim “arcanum” e um dos significados atribuídos à tradução de tal termo é “segredo”. Portanto, lidar com as arcanas menores, é tratar dos pormenores, os pequenos segredos por de trás de cada miudeza, os detalhes, os pequeninos e diminutos pontinhos, todo e qualquer traçado no grande quadro da vida que carrega um propósito e uma razão de ser.
Lidando com as arcanas menores será preciso uma compreensão maior dos quatro grandes grupos que dividem esse conjunto do Tarot. Para fazer tal divisão, vamos nos utilizar de uma arcana maior, a última das arcanas maiores nos guiará pelo cosmos como um quadro da grande figura que compõe o existir em nosso planeta, a figura clássica da mulher nua envolta em um pano vermelho esvoaçante ao redor de seu corpo, estamos falando da carta “O Mundo”, isto é, a vigésima primeira carta das arcanas maiores.
Ao olharmos para a carta O Mundo veremos que ao redor do despido corpo que se protagoniza frente aos nossos olhos há uma elípse constiuindo como uma aura, feita de folhas de louro, as mesmas dos césares, representando o perfeito, em sentido estrito à origem da palavra “per-feito”, isto é, feito por completo, que completou o caminho, que perfez, que concluiu a passagem. A carta O Mundo é a figura clássica do espírito que triunfa sobre a matéria, figurada como um corpo que, na imagem de uma mulher nua, simboliza a receptividade e humildade, ou seja, o corpo que obedece graciosa e harmoniosamente ao espírito, este representado como o véu vermelho esvoaçante.
Notem que o corpo nú segura dois bastões que, como um regente, orquestram o mundo ao redor de maneira graciosa e equilibrada, eretos, os bastões indicam a exata dosagem dos quatro cantos do universo, isto é, o uso equlibrado das quatro forças cósmicas simbolizadas pelos signos fixos de ar, água, terra e fogo, estamos falando dos sígnos de Aquário, Escorpião, Touro e Leão, representados nos quatro cantos da carta como Querubim, Água, Touro e Leão respectivamente.
Sígnos fixos são representações do que há de mais forte em uma dada qualidade, ou seja, ao utilizarmos o termo “fixo” estamos ressaltando o que não é mutável, aquilo que permanece, o que é constante ou aquilo que é resiliente, capaz de sobreviver e perdurar, perfazer e triunfar ao longo do caminho. Preciso ressaltar queridos(as) leitores(as), minhas palavras são isentas de um significado benígno ou malígno, por assim dizer, pois tanto as trevas quando a luz podem triunfar, mantenham isso em mente sempre!
Nem sempre é uma boa ideia nascer sob a regência de um sígno fixo, é comum observar que almas muito complicadas e sofridas necessitam da imperiosa força de um sígno fixo para desbravarem muito de si mesmas, sendo possível assim chegar até o destino da vigésima primeira arcana maior (mais informações clique aqui). É portanto sob essa imperioza força que se organiza as arcanas menores, pois o demônio, por assim dizer, está nos detalhes.
Como todo o Tarot, as arcanas menores também se organizam dentro do ritmo dual no qual se constroi o nosso mundo material, uma expressão que sabiamente o espírito humano foi capaz de aprisionar em uma linguagem pictórica que equilibra o arquétipo feminino e o arquétipo masculino. Dessa maneira podemos observar que os sígnos fixos obedecem a esses arquétipos, sendo assim divididos:

Femininos: agentes intelectivos, passivos e receptivos:
Aquário: criativo, instável, fluido e apresenta maior força acolhedora e pouco aprisionante; 
Touro: material, pragmático, perseverante e apresenta maior força aprisionante e pouco acolhedor;

Masculinos: agentes emocionais, ativos e agressivos:
Escorpião: corajoso, severo, mítico e apresenta maior profundidade emocional e pouca receptividade; 
Leão: valente, amigável, confiante e apresenta maior receptividade e pouca profundidade emocional;

Percebam que, nas figuras que seguem ao final desse texto, observamos para os sígnos uma ordem das mãos, as quais devem ser compreendidas de acordo com a regência de passividade feminina ou agressividade masculina.
Vejamos para os sígnos femininos, no sígno de aquário a palma do “Ás de Copas” é voltada em nossa direção, demonstrando capacidade acolhedora e não aprisionante. Entendam, acolher é receber sem cobrar, aprisionar é receber e cobrar. Ao mesmo tempo o sígno de aquário, regido pelo elemento ar, é dinâmico e portador da capacidade de mover a matéria ao seu redor, por isso mesmo instável, como as águas que fluem do interior do cálice para o lago profundo, indicando com isso, dado o ponto superior em que se encontra, similar profundeza ao sígno de escorpião, porém, para o elemento ar, a profundeza é conferida no campo cognitivo, o qual explica o poder criativo do aquariano.
Já a carta “Ás de Ouro” [gosto de traduzir por “Ás de Pentagramas”] apresenta as costas da mão para nós, ou seja, não carrega consigo uma energia acolheadora mas sim aprisionante, embora isso também significa que a vertente taurina carrega consigo a força do bom operário, elemento terra, isto é, aquele que trabalha diariamente em prol da segurança de todos (o sustentador), intelectualmente maduro e prático e, por isso mesmo, emocionalmente raso, pois ainda é sólido como rocha e, talvez por isso, capaz de cobrar de coração fechado por serviços prestados.
Já para os sígnos masculinos, temos que o “Ás de Espadas” apresenta as costas da mão para nós, representando uma similaridade com os agentes taurinos, ou seja, o sígno de escorpião traz consigo pouca receptividade, mas diferente de touro, o elemento da água é penetrante e por isso mesmo consegue acessar o profundo emocional de maneira espontânea e justamente daí advém o lado mítico da energia escorpiana, sempre ligado às profundezas abissais que cobrem as trevas e tudo aquilo que compõe o cenário da obscuridão humana, isto é, a morte, o sexo, o frio, o medo entre outros aspectos que fazem do elemento água, também, o símbolo da coragem e, ao mesmo tempo, da severidade.
Por fim, temos o “Ás de Paus” [gosto de traduzir por “Ás de Bastões”] apresenta a palma da mão em nossa direção, demonstrando receptividade. Sendo os leoninos regidos pelo elemento fogo, é comum que a expressão de confiança seja uma verdade interna daqueles que como o fogo sabem que irão conquistar o intento que almejarem. A curiosa mistura da receptividade com confiança interior garantem aos leoninos a característica da amigabilidade e carisma fundamentais dos verdadeiros conquistadores, ainda que no geral um grande conquistador de horizontes é vazio de si mesmo e por isso a intrigante característica de pouca profundidade emocional.
Enfim meus amados(as) leitores(as), vamos nos obrigar a encerrar nosso trabalho, pois agora temos uma pequena visão didática dos padrões que deveremos encarar daqui para frente e como eles se arranjam no cosmos. Vamos, no entanto, adiantar o detalhe fundamental, o detalhe dos números!
Veja que temos 4 grupos de arcanas menores, para cada grupo teremos: 1 rei, 1 rainha, 1 pagem, 1 cavaleiro e 10 números; totalizando 14 cartas para cada grupo, o que nos leva ao valor de 56 cartas do grupo das arcanas menores, somando 5 + 6 = 11, 1 + 1 = 2. Já para o pequeno grupo de arcanas menores, temos um total de 22 cartas, o qual somando 2 + 2 = 4. Assim, unindo a riqueza dos detalhes com a riqueza das unidades, temos o número 24, o qual somado resulta em 2 + 4 = 6, o número que segunda a Qabalah, pertence a Tiphareth, isto é, à Beleza através do caminho 24 oriundo da Vitória.
Em nosso próximo encontro, amados e amadas, vamos iniciar nossa caminhada, portanto, em nossa vitória pessoal na conquista dos mais pequeninos segredos. Grande abraço e que estejamos sempre sintonizados com o cosmos interior.